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quinta-feira, 30 de agosto de 2018


O NOVO IMPERIALISMO - AS TRANSFORMAÇÕES DO CAPITALISMO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

            A partir de 1848, as lutas sociais, que tinham um caráter ao mesmo tempo democrático e nacional, passaram a excluir o aspecto democrático, para assumir aspectos quase exclusivamente nacionais. As unificações da Itália (1870) e da Alemanha (1871) são as mais claras demonstrações desse novo sentido da história europeia.
            Esse fenômeno, concomitante ao processo de industrialização, permite colocar no mesmo quadro geral a Guerra de Secessão nos Estados Unidos (1861-1865), a unificação da Itália (1870) e a da Alemanha (1871).
               Relacionar o avanço da industrialização com a unificação dos países.
            É importante se perceber que as transformações no plano econômico se refletem no plano político. E também a idéia de uma totalidade, onde as partes são solidárias. Nos Estados Unidos, os Estados do Norte eram industrializados. Na Itália, era o reino de Piemonte. E, na Alemanha, o reino de Prússia. O desenvolvimento do capitalismo nessas regiões colocava agudamente o problema da unificação nacional, que, no plano econômico, nada mais representava que a unificação do mercado interno. O nacionalismo era, portanto, uma ideologia burguesa que, utilizando a mística da nacionalidade, pretendia, na verdade, o domínio do mercado. Um outro ponto a ser ressaltado é o do processo de unificação, que, nos três casos, ocorreu de forma diferente. Nos Estados Unidos já existia a unificação política, mas não a econômica: o Sul era escravista e o Norte, capitalista; a guerra civil entre os Estados nortistas e os sulistas solucionou o problema. Na Alemanha, através do Zollverein (unificação aduaneira), havia a unidade econômica, mas não a política; o país estava dividido em 36 Estados politicamente independentes. E a Itália estava dividida tanto política como economicamente; os sete Estados que a compunham não possuíam nenhum vínculo econômico mais estreito entre si.
         A emergência de novas potências industriais, por volta de 1870, coincidiu com uma transformação econômica de grande alcance: a Segunda Revolução Industrial. A nova conjuntura se refletiu imediatamente no mundo periférico, com o aparecimento do imperialismo e do neocolonialismo.
            São duas as questões que precisam ser relacionadas: O que caracterizou a Segunda Revolução Industrial e em que consistiu o novo colonialismo?
          A Segunda Revolução Industrial teve por base o aperfeiçoamento da técnica de produção (automatização) e o processo de concentração da produção industrial (monopólio). Como conseqüência da produção em massa e da monopolização dos mercados pelas grandes corporações, ocorreu uma acumulação sem precedentes de capitais. Ao mesmo tempo, a emergência de várias potências industriais assinalava a concorrência na disputa pelo mercado externo. O resultado foi o imperialismo – guerra econômica entre as potências industriais pela apropriação de mercados – e o neocolonialismo. E os territórios visados e partilhados foram a Ásia e a África.

A RESISTÊNCIA AFRICANA

Durante muito tempo, os movimentos de resistência africana à colonização europeia foram pouco divulgados. Prevalecia a falsa ideia de que as comunidades africanas foram subjugadas sem demonstrar nenhuma oposição. Essa situação se modificou nas últimas décadas graças aos estudos historiográficos realizados sobre esse tema.

            “Entre 1880 e 1900, a África tropical apresentava um estranho e brutal paradoxo. Se o processo da conquista e da ocupação pelos europeus era claramente irreversível, também era altamente resistível. Irreversível por causa da revolução tecnológica – pela primeira vez os brancos tinham uma vantagem decisiva nas armas, e, também pela primeira vez, as ferrovias, a telegrafia e o navio a vapor permitiam-lhes oferecer resposta ao problema das comunicações no interior da África e entre a Ásia e a Europa. Resistível devido à força das populações africanas e porque na ocasião a Europa não empregou na batalha recursos muito abundantes nem em homens nem em tecnologia. De fato, os brancos compensavam a escassez de homens recrutando auxiliares africanos. Mas eles não eram manipuladores diabolicamente inteligentes de negros divididos e atrasados. Os europeus estavam apenas retomando o repertório das estratégias dos antigos impérios. Quanto a detalhes, muitas vezes sabiam menos das coisas que os dirigentes africanos. A implementação da estratégia de penetração foi muito desordenada e inábil. Os europeus enfrentaram uma enormidade de movimentos de resistência que provocaram e até inventaram por ignorância e medo. Tinham de ‘obter a vitória final’, e, uma vez obtida, trataram de pôr em ordem o conturbado processo. Escreveram-se livros sobre a chamada ‘pacificação’; tinha-se a impressão de que, na sua maior parte, os africanos haviam aceito a Pax Colonica com reconhecimento e fez-se caso omisso de todos os fatos da resistência africana. Mas a vitória dos europeus não significa que a resistência africana não tenha tido importância no seu tempo ou que não mereça ser estudada agora. E, definitivamente, tem sido objeto de muitos estudos nos últimos vinte anos. [...] Em primeiro lugar, afirmou-se que a resistência africana era importante, já que provava que os africanos nunca se haviam resignado à ‘pacificação’ europeia. Em segundo lugar, sugeriu-se que, longe de ser desesperada ou ilógica, essa resistência era muitas vezes movida por ideologias racionais e inovadoras. Por fim, em terceiro, argumentou-se que os movimentos de resistência não eram insignificantes; pelo contrário, tiveram consequências importantes em seu tempo, e têm, ainda hoje, notável ressonância. ”

RANGER, Terence O. Iniciativas e resistência africanas em face da partilha e da conquista.
In: BOAHEN, A. Adu (coord.). História da África, v. VII. São Paulo: Ática/Unesco, 1991. P.69-70.

a) Quantas vezes aparece no texto a palavra ÁFRICA, AFRICANA(S) e AFRICANOS?
b) Quantas vezes aparece no texto a palavra EUROPA, EUROPEIA e EUROPEUS?
c) Por que se pode dizer que o processo da conquista e da ocupação pelos europeus apresentava um estranho e brutal paradoxo, ao mesmo tempo que era claramente irreversível, também era altamente resistível?
d) Cite pelo menos três argumentos que comprovam que a resistência africana foi importante:

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Análise de Alegria Alegria - Caetano Veloso









Memória discursiva:
A música Alegria, Alegria, de autoria de Caetano Veloso, sobre liberdade, é um dos marcos iniciais do movimento tropicalista da década de 1960.
Datada de 1967, Alegria, Alegria, a canção modernista foi apresentada no Festival da Record em disputa pelo “Berimbau de Ouro”.


Embora seja intitulada de Alegria, Alegria, sua letra nada tem de alegria, apenas reflete a repressão do período militar no Brasil, ou melhor, os “anos de chumbo”.
De tão potente, a música de Caetano Veloso está incorporada na mente e na história do povo brasileiro, pois a marcha leve e alegre, com letra caleidoscópica e libertária, tem força nas palavras que a compõem.


Entretanto, ao apresentá-la ao público, Caetano Veloso recebeu vaias (até porque fez a apresentação com os argentinos, Beat Boys). A gritaria foi tão infernal que nacionalistas o
chamaram de traidor e oportunista. O talento e a performance de Caetano Veloso, aos poucos, ganhou o público e transformou as vaias em aplausos, mas ficou somente com o quarto lugar do festival.


Alegria, Alegria é uma obra famosa e muito lembrada, é, pelo menos a mais emblemática do período militar do Brasil. Por esta e outras canções revolucionárias que usaram da metáfora para burlar o regime militar, Caetano Veloso foi o grande divulgador deste período de grande revolução popular e de tanta inquietação cultural.


Estrutura do texto:
Em sua estrutura textual, Alegria, Alegria é simples, principalmente se comparada a outras de Caetano Veloso, utiliza basicamente elementos do Modernismo Brasileiro, da contra-cultura, da ironia, rebeldia, anarquismo e humor ou terror anárquico.
Para salientar que a cultura importada era alienante, Caetano usa palavras como Brigitte Bardot, Cardinales (Claudia Cardinale) e Coca-Cola (maior símbolo do império norte-americano que financiava os exércitos em toda a América Latina).


Pelo fato de ser uma canção escrita no período tropicalista, Alegria, Alegria tem nas entrelinhas uma
crítica à esquerda intelectualizada, a negação a qualquer forma de censura, uma denúncia da sedução dos meios de comunicação de massa e um retrato direto da realidade urbana e industrial.


De acordo com o poeta, ensaísta, professor e tradutor brasileiro Décio Pignatari, a letra possui uma estrutura cinematográfica, trata-se de uma "letra-câmera-na-mão", citando o mote do Cinema Novo. Nesta canção há intertextualidade com a canção Para não dizer que não falei das flores e com uma pequena citação (modificada) do livro As Palavras, de Jean-Paul Sartre: "nada nos bolsos e nada nas mãos", que ficou, "nada no bolso ou nas mãos".


Marcadores da narrativa e da oralidade:
A presença de muitas vírgulas na canção segue o ritmo da marcha, ou seja, há uma ebulição de ideias e ações acontecendo concomitantemente, por tanto não há abertura para pontos finais (que fecham estas ideias), mas apenas para as vírgulas. As vírgulas passam a ideia de aglutinação, como se representassem a pólvora, tão presente nas ruas neste período.


Inicialmente, o verbo caminhar está no gerúndio, o que transmite a ideia de que este caminhar é contínuo e que nada será capaz de interrompê-lo, mesmo que lhe falte uma identidade e as impunidades dos crimes brasileiros permaneçam. Logo, o verbo está no presente: (eu) vou, (me) enche, (ela) pensa.


Da instância lexical:
Os versos “Caminhando contra o vento” e “em Cardinales bonitas” têm o valor semântico da expressão popular “nadando contra a corrente”, com o significado de ser e manter-se contra. Ao considerar o período, este se refere ao lutar contra a Ditadura Militar.


Eixo paradigmático da canção:
A luta pelos ideais ganha mais força ao colocar cada ação na primeira pessoa do singular: EU, estando este oculto, como em “Caminhando contra o vento”, ou quando este sujeito é simples, como nos últimos versos das estrofes: “Eu vou”. No contexto do momento histórico vivido pelo autor na época do Regime Militar, a expressão “caminhando contra o vento” vem reforçar a idéia central do texto: ser do contra, lutar contra as forças armadas pelo regime
ditatorial, promover a união da população contra o governo imposto de forma indireta e arbitrária. Idéia corroborada pelo descumprimento das regras gramaticais da língua padrão, como no exemplo: “Me enche de alegria...”, em que a frase é iniciada pelo pronome oblíquo ME.


Metáforas: Toda a opressão sofrida pelo cidadão comum, nas ruas, nos meios de comunicação, em sua cultura nativa, no seu próprio país é relatada na letra desta canção. Desta forma, Alegria, Alegria, denuncia os exageros dos militares, porém utilizando-se de metáforas. “Caminhando contra o vento/sem lenço e sem documento” que se refere à violência praticada pelo regime. Ao dizer “sem livros e sem fuzil, / sem fome, sem telefone, no coração do Brasil” revela a precariedade na educação brasileira proporcionada pela ditadura que queria pessoas alienadas, e complementa: “O sol nas bancas de revista /me enche de alegria e preguiça/quem lê tanta notícia? ”.


Para evidenciar a alienação da massa, na letra há elementos externos à cultura nacional, como alguns símbolos impostos pelo cinema norte-americano da época, que são: Cardinales, Brigitte Bardot e a Coca-Cola, fortes representantes da imposição comercial da mídia na época.


Ao denunciar os desníveis sociais dos “anos de chumbo”, Caetano Veloso faz comparações metafóricas, com o intuito de destacar os contrastes regionais, sociais ou econômicos, o que fica evidente nos seguintes versos: “Eu tomo uma coca-cola,/Ela pensa em casamento”, “Em caras de presidente/em grandes beijos de amor/em dentes, pernas, bandeiras, bomba e Brigitte Bardot.”


Jogo das pressuposições:
Alegria, Alegria, canção que ajudou a criar o estilo musical MPB, escrita, musicada e interpretada pelo cantor e compositor Caetano Veloso (em novembro de 1967) transformou a expressão artística musical brasileira em crítica social. Por esse motivo, Caetano Veloso teve grande parte de suas músicas censuradas pelo regime militar, sendo que algumas foram até banidas. Em 27 de dezembro de 1968, tanto Caetano Veloso quanto Gilberto Gil foram para a cadeia, acusados de terem desrespeitado o hino nacional e a bandeira brasileira. Os dois foram levados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio, e tiveram suas cabeças raspadas. Entretanto, ambos ficaram exilados em Londres até 1972.


É possível notar também que Alegria, Alegria faz intertextualidade com “Para não dizer que não falei das flores”, do cantor Geraldo Vandré. Ambas as músicas suscitam em sua letra os sentimentos daqueles tinham conhecimento (não eram alienados) do que de fato acontecia no Brasil e, assim convocam os brasileiros engajados a ir às ruas e lutar contra a ditadura vigente.


Ao convocar a todos para esta luta, fica evidente a crítica à alienação, pois o verso “Ela pensa em casamento” aparece duas vezes na canção, ou seja, evidencia que enquanto alguns brasileiros lutavam para dar fim à repressão militar outros estavam completamente desinformados e sob o domínio do governo.


Rima:
Alegria, Alegria é uma canção poética, considerando, inclusive, o título. A marcha compassada denuncia a presença do som do “O” precedido da letra “T” e “R”, ao mesmo tempo em que dá o ritmo a cada verso, também reflete a dureza da época e o disparar das armas, que pode ser notado na terminação dos três primeiros versos, da primeira estrofe, além da presença do fonema “K”: “Caminhando contra o vento/ Sem lenço e sem documento / No sol de quase dezembro”.


As figuras de som predominam, pois, o ritmo é constante, quebrado por palavras e/ou expressões como “eu vou”, no final de cada estrofe. A aliteração pode ser notada na repetição de sons consonantais (consonância) quanto de sons vocálicos (assonâncias), como nos versos: “Entre fotos e nomes, sem livros e sem fuzil, sem fone, sem telefone, no coração do Brasil.”: repetição do som do fonema “F”. Nos versos “Caminhando contra o vento, sem lenço sem documento, no sol de quase dezembro”, percebe-se a presença do fonema /k/. Também nos versos “entre fotos e nomes, sem livros e sem fuzil, sem fone, sem telefone, no coração do Brasil”, percebe-se a presença dos sons vocálicos de /em/. O que se repete também nos versos “sem lenço sem documento, no sol de quase dezembro”.


Conclusão do ponto de vista estilístico:
Alegria, Alegria é uma canção que pode ser definida como um poema. Sua história acontece no presente, sendo que o eu – lírico “desenha” a história por meio do pronome EU, 1ª pessoa do singular. No entanto, não tende ao egocentrismo ou narcisismo, apenas posiciona-se como um lutador contra a
repressão militar.


Para provocar a ideia de uma marcha contra a ditadura utiliza-se de fonemas duros que remetem ao marchar dos militares (e até dos civis unidos em direção aos repressores) e fonemas frios que remetem ao som dos tiros e bombas, itens bastante presentes nas ruas, neste período.


Em contrapartida, há também a denúncia da alienação a partir de ídolos impostos e fabricados pela mídia “exterior” (Brigitte Bardot, francesa e Claudia Cardinale, atriz italiana), que infundiam um comportamento novo.



Texto originalmente escrito em 4 de maio de 2010 - Editora do site cultural www.resenhando.com.
É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm - Por Mary Ellen Farias dos Santos (em janeiro de 2015).

Chico Buarque & MPB-4 - Roda Viva




Essa letra demonstra um sentimento de impotência em relação aos atos do Governo Militar durante os anos da Ditadura. Essa música foi gravada em 1968, pouco tempo antes da criação do Ato Institucional 5, decreto que deu origem aos chamados “Anos de Chumbo”.
  Mais especificamente a primeira estrofe relaciona-se fortemente com o tema principal da música. O termo “roda viva” refere-se aos representantes da ditadura. Quando, na segunda estrofe, Chico cita o desejo de mandar no próprio destino, no sentido de liberdade, tanto pessoal, quanto no quesito criação artística, ele diz que a “roda viva carrega o destino prá lá”, ou seja, censura os planos das pessoas que lutavam por liberdade.
  Ele ainda cita nas outras estrofes o desejo de lutar contra a censura, mas o poder da “roda viva” é ainda mais forte. A opressão da “roda viva” ocorre até em pequenas esferas como a citada na música “a roda de samba acabou” ou “viola na rua a cantar // mas eis que chega a roda viva // e carrega a viola pra lá...”.
  Uma curiosidade que ajuda na compreensão da música, é observar o nome Roda Viva e lê-lo ao contrário, tornaria: A Viva Dor. Expressa todo o sentimento já citado sobre a situação do país na época em que a música foi escrita e gravada.

EU SÓ PEÇO A DEUS e PRECE DE GANDHI


quarta-feira, 18 de abril de 2018

Apesar de você - Chico buarque





Apesar de você (samba, 1970) – Chico Buarque Exilado na França Chico Buarque retornou ao Brasil em 1970, após mais de um ano. Incentivado pelo dono de sua gravadora, André Midani, que garantia a melhora da situação, Chico se decepcionou ao constatar o verdadeiro cenário. Para expressar sua indignação e esperança compôs o samba “Apesar de você”, no qual mandava diretos recados, como: “Você vai pagar e é dobrado/Cada lágrima rolada/Nesse meu penar…”. Incrivelmente os censores não captaram a mensagem, e caíram na ladainha de uma “briga de amantes”. Quando a canção estourou nas rádios, a população, bem mais esperta e atenta, logo a tomou nos braços e entoou em toda parte. Os militares tardiamente descobriram do que se tratava e então proibiram a execução da música e destruíram os discos, mas se esqueceram da matriz, o que permitiu a reedição original ao término do regime autoritário. A partir dessa data, o cerco da censura a Chico Buarque se fechava, mas ele ainda driblava.

Geraldo vandré ( ao vivo no maracanãzinho )





Pra não dizer que não falei das flores (rasqueado, 1968) – Geraldo Vandré Uma das canções brasileiras mais representativas de todos os tempos, “Pra não dizer que não falei das flores” já nasceu controversa. O hino contra a repressão composto pelo paraibano Geraldo Vandré, no auge da ditadura militar no Brasil, em 1968, insuflou os espectadores presentes ao Maracanãzinho no III Festival Internacional da Canção e despertou a ira dos militares. O público aplaudiu com volúpia e intensidade e exigiu que a música, na definição do autor “um rasqueado de beira de praia”, vencesse o concurso. No entanto, o júri resolveu premiar “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, incessantemente vaiada após o anúncio. Definida pelo general Luís de França Oliveira, secretário de Segurança da Guanabara, como “subversiva e com cadência do tipo Mao Tsé-Tung”, referência ao líder da ditadura comunista na China, a canção que rendeu a Vandré sucesso e adoração popular foi também artifício para exilá-lo no Chile e, em seguida, abandonar a carreira.

Chico Buarque - Cálice (Ditadura Militar no Brasil)





Cálice (MPB, 1978) – Gilberto Gil e Chico Buarque O tema religioso perpassa toda a estrutura da música “Cálice”. Composta numa Sexta-Feira da Paixão, a lembrança do martírio de Cristo inspirou Gilberto Gil a identifica-lo com a situação vivida pelos brasileiros no auge da ditadura militar no país. A melodia, também de memória sacra, acompanha os versos que falam da “bebida amarga”, a “força bruta”, o “monstro da lagoa” e “o grito desumano”, entre outros. Todas essas imagens fortes seriam ainda coroadas com o refrão que mistura o sentido das palavras “cálice” e “cale-se” através do som. A figura imponente de “um pai que destrói as individualidades” fez com que Gilberto Gil jamais regravasse a canção após a tentativa, censurada pelo regime, de apresenta-la em show ao lado de Chico Buarque, em 1978, quando o áudio do microfone dos dois foi cortado. Chico, por outro lado, a registrou em disco deste mesmo ano, intitulado apenas com o seu nome. Apesar de todas as tentativas dos ditadores, foram eles que se calaram, não os autores.
 
 

Zuzu Angel - Angélica





Angélica (toada, 1982) – Chico Buarque Zuzu Angel era uma renomada estilista de moda no Brasil e no exterior quando, em 1971, agentes do regime militar sequestraram, torturaram, lançaram ao mar e desapareceram com o corpo de seu único filho homem, Stuart Angel Jones, de apenas 26 anos, à época envolvido em movimento contra a ditadura. A revolta da mãe levou-a a desafiar e apontar o dedo na cara de generais em todos os tribunais aos quais teve acesso, denunciado a falácia, desumanidade, podridão e espírito macabro do regime autoritário onde o assassinato é prática comum. A resposta grotesca e à altura da estupidez dos militares foi assassinar Zuzu, num armado e proposital acidente de carro, em 1976, quando ela tinha 54 anos. Em 1982, Chico Buarque apresentou “Angélica”, uma toada em homenagem à trajetória da mulher que procurou o filho, levado por forças do mal, mas que ela conservou para sempre em seu coração. A vida de Zuzu Angel e o assassinato de Stuart foram transformados em filme no ano de 2006, com direção de Sérgio Rezende, Patrícia Pillar no papel da protagonista e Elke Maravilha, que foi amiga pessoal da estilista, em participação especial. O triste relato dos horrores da ditadura militar no Brasil pode ser conferido de perto, e em detalhe, nessa e em outras películas. Felizmente o abominável regime pereceu, e o que sobreviveu ao tempo foi a canção de Chico, Gil, João, Vandré, Gonzaguinha.

segunda-feira, 2 de abril de 2018


LUÍS ROBERTO BARROSO: HOJE ESTOU!... ATÉ O VENTO MUDAR.

O Jornalista e Comentarista da Rede TV News: Reinaldo Azevedo, no dia 02/04/2018 em seu blog, traduziu muito bem o momento vivido pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso. E com ele partilho o mesmo sentimento e transcrevo algumas citações de seu artigo.

Primeiramente a frase: 'Vivemos a era do "em matéria de moralidade, meu pirão primeiro".

"Luís Roberto Barroso é o Raul Seixas da Constituição. Ele prefere ser 'essa metamorfose ambulante"'a ter 'aquela velha opinião formada sobre tudo'. Com todo respeito ao Raulzito".

E mais interessante é o comentário sobre a forma como o ministro antes vermelhão, agora se passa por independente e torna-se ídolo de uma direita vingativa, cruel, fascista, sanguinária, homofóbica, enfim. (...) "E de tal ordem o homem (Luís Roberto Barroso) se metamorfoseia que a crisálida do esquerdismo-vermelhismo - e, por isso, foi posto lá - resolveu ser agora, já em pleno voo do ropalócero, se transformar em ídolo da direita xucra".

Vale a pena esperar por outros ventos...

domingo, 1 de abril de 2018

TEMER ENFRENTARÁ NOVA DENÚNCIA?

O Governo recebeu com alívio, neste sábado, a revogação das prisões dos amigos de Temer que estavam presos na Sede da Polícia Federal em São Paulo.

Da mesma forma que anteriormente a PGR havia pedido prisão, desta feita a PGR alegando que o objetivo das prisões, de instruir as investigações em curso, já havia sido cumprido, solicitou que as prisões fossem revogadas.

Após a decisão do ministro do STF, Luís Roberto Barroso, os presos na Operação Skala foram soltos em São Paulo.

A avaliação feita pelo Governo Temer, após ter conhecimento da revogação das prisões é de que o estrago político na imagem do presidente está feito e 'não tem volta', mas, pelo menos, reduz a tensão dos últimos dias.

Entretanto, apesar da diminuição da pressão política sobre o presidente, a preocupação é muito grande sobre uma possível denúncia, (seria a terceira), contra o presidente. E as articulações no Planalto já estão em curso para agradar a base aliada.

É aguardar!
TEMER ENFRENTARÁ NOVA DENÚNCIA?
PARECE QUE NÃO!
PGR pede para soltar os amigos de Temer presos na operação Skala - A procuradora afirma que as medidas cumpriram o objetivo legal. Mas, fica uma grave pergunta no ar... Que objetivo mesmo?

E um pouco antes...
Coronel amigo de Temer alega problemas psicológicos ao se negar a depor.

Seria cômico se não fosse trágico. É incrível, é espetacular, é extraordinário, o que sempre acontece com as pessoas presas ou convocadas para depor. Elas quase sempre alegam graves problemas de saúde e precisam de atendimentos médicos, foi o que aconteceu com o coronel amigo do presidente Temer, João Baptista Lima, preso pela PF na quinta feira (29/03/2018) que se recusou a prestar depoimento na sexta feira (30/03/2018) alegando problemas físicos e psicológicos.

E então, fica outra pergunta no ar... Foi só para inglês ver ou papo furado ou chover no molhado ou conversa pra boi dormir?

A Justiça cega está a cada dia e cada vez mais não querendo ver nada.
A procuradora com aquela voz de freira de mosteiro indicada por Temer age conforme deseja o seu patrão? Será? 'Veremos o que poderá ser feito'...

sábado, 31 de março de 2018

TEMER ENFRENTARÁ NOVA DENÚNCIA?

Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, nesta sexta feira (30/03/2018). Íntegra da Nota divulgada.

Nota da assessoria da Presidência

Nota oficial

O decreto dos portos, sob o qual está amparada a investigação sobre supostos
benefícios à empresa Rodrimar, diz literalmente em seu Artigo 47-A, § 3º:

“O disposto neste artigo não se aplica aos contratos firmados antes da vigência da

Lei 8.830, de 25 de fevereiro de 1993”.

A mais rasa leitura do decreto teria enterrado, no ano passado, o pedido de abertura de tal investigação pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot.

O fato é que a Rodrimar não se encaixa neste parágrafo, neste artigo, no todo do decreto ou na  sua interpretação, por mais ampla que se queira, conforme despacho do Ministério dos Transportes: “Conclui-se que as disposições do decreto número 9048/17 não se aplicam aos contratos da empresa Rodrimar S/A”.

Tal decreto nasceu após criação de grupo de trabalho pelo Ministério dos Transportes que realizou amplo e público debate, em reuniões que ocorreram entre setembro de 2016 e maio de 2017. Todas as áreas da Rodrimar serão relicitadas.

Sem ter fatos reais a investigar, autoridades tentam criar narrativas que gerem novas acusações. Buscam inquéritos arquivados duas vezes pelo Supremo Tribunal Federal, baseados em documentos forjados e já renegados formalmente à justiça, e mais uma vez em entrevista à revista Veja deste final de semana.

Tentam mais uma vez destruir a reputação do presidente Michel Temer. Usam métodos totalitários, com cerceamento dos direitos mais básicos para obter, forçadamente, testemunhos que possam ser usados em peças de acusação.

Repetem o enredo de 2017, quando ofereceram os maiores benefícios aos irmãos Batista para criar falsa acusação que envolvesse o presidente. Não conseguiram e repetem a trama, que, no passado, pareceu tragédia, agora soa a farsa.

O atropelo dos fatos e da verdade busca retirar o presidente da vida pública, impedi-lo de continuar a prestar relevantes serviços ao país, como ele fez ao superar a mais forte recessão econômica da história brasileira. Bastou a simples menção a possível candidatura para que forças obscuras surgissem para tecer novas tramas sobre velhos enredos maledicentes. No Brasil do século XXI, alguns querem impedir candidatura. Busca-se impedir ao povo a livre escolha. Reinterpreta-se a Constituição, as leis e os decretos ao sabor do momento. Vê-se crimes em atos de absoluto respeito às leis e total obediência aos princípios democráticos.

Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República

sexta-feira, 30 de março de 2018

PGR - BARROSO  x  PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
TEMER ENFRENTARÁ NOVA DENÚNCIA?

A procuradora-geral da República considerou que haveria 'risco concreto de destruição de provas' e expediu a prisão temporária de 13 pessoas. Atendendo a pedido da procuradora Raquel Dodge o ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou prisões temporárias, e reproduzindo os argumentos da procuradora de que existiam 'fortíssimos' indícios de corrupção, justificou as prisões e ordens de busca.

Em seu depoimento à PF, o dono da Rodrimar, Antônio Celso Grecco, discorreu sobre uma suposta fala do presidente Temer sobre contrato no porto de Santos. Segundo ele, o presidente teria dito: 'Vou ver o que posso fazer', contrariando o que o presidente havia falado em janeiro quando ele respondendo questionário formulado pela PF teria afirmado que jamais havia tratado de concessões no setor portuário.

TEMER ENFRENTARÁ NOVA DENÚNCIA?

Na última quinta feira (28/03/2018) aconteceu a Operação da PF no Setor de Portos, denominada Operação Skala, com o objetivo, segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, de busca e coleta de provas de corrupção. O ministro é relator do inquérito no STF que investiga se o presidente Michel Temer beneficiou a empresa Rodrimar na edição do Decreto dos Portos, assinado pelo presidente em 2017, supostamente favorecendo empresas portuárias em troca de propina.

Cinco pessoas (ligadas ao presidente Temer) foram presas nesta Operação; o advogado José Yunes, amigo do presidente há mais de 50 anos, Wagner Rossi, ex-ministro e o empresário Celso Greco, dono da empresa Rodrimar, além do Cel. João Batista Lima.

Desde que o presidente soube do ocorrido, ele e seus auxiliares discutem como reagir às investigações. Até a ideia de passar a Páscoa em São Paulo foi descartada, dada a importância atribuída aos fatos revelados. O presidente convocou imediatamente o advogado no inquérito dos portos, Antonio Claudio Mariz, para discutir estratégias jurídicas, pois, a expectativa do Planalto é por uma nova denúncia contra o presidente.