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quinta-feira, 30 de agosto de 2018


A RESISTÊNCIA AFRICANA

Durante muito tempo, os movimentos de resistência africana à colonização europeia foram pouco divulgados. Prevalecia a falsa ideia de que as comunidades africanas foram subjugadas sem demonstrar nenhuma oposição. Essa situação se modificou nas últimas décadas graças aos estudos historiográficos realizados sobre esse tema.

            “Entre 1880 e 1900, a África tropical apresentava um estranho e brutal paradoxo. Se o processo da conquista e da ocupação pelos europeus era claramente irreversível, também era altamente resistível. Irreversível por causa da revolução tecnológica – pela primeira vez os brancos tinham uma vantagem decisiva nas armas, e, também pela primeira vez, as ferrovias, a telegrafia e o navio a vapor permitiam-lhes oferecer resposta ao problema das comunicações no interior da África e entre a Ásia e a Europa. Resistível devido à força das populações africanas e porque na ocasião a Europa não empregou na batalha recursos muito abundantes nem em homens nem em tecnologia. De fato, os brancos compensavam a escassez de homens recrutando auxiliares africanos. Mas eles não eram manipuladores diabolicamente inteligentes de negros divididos e atrasados. Os europeus estavam apenas retomando o repertório das estratégias dos antigos impérios. Quanto a detalhes, muitas vezes sabiam menos das coisas que os dirigentes africanos. A implementação da estratégia de penetração foi muito desordenada e inábil. Os europeus enfrentaram uma enormidade de movimentos de resistência que provocaram e até inventaram por ignorância e medo. Tinham de ‘obter a vitória final’, e, uma vez obtida, trataram de pôr em ordem o conturbado processo. Escreveram-se livros sobre a chamada ‘pacificação’; tinha-se a impressão de que, na sua maior parte, os africanos haviam aceito a Pax Colonica com reconhecimento e fez-se caso omisso de todos os fatos da resistência africana. Mas a vitória dos europeus não significa que a resistência africana não tenha tido importância no seu tempo ou que não mereça ser estudada agora. E, definitivamente, tem sido objeto de muitos estudos nos últimos vinte anos. [...] Em primeiro lugar, afirmou-se que a resistência africana era importante, já que provava que os africanos nunca se haviam resignado à ‘pacificação’ europeia. Em segundo lugar, sugeriu-se que, longe de ser desesperada ou ilógica, essa resistência era muitas vezes movida por ideologias racionais e inovadoras. Por fim, em terceiro, argumentou-se que os movimentos de resistência não eram insignificantes; pelo contrário, tiveram consequências importantes em seu tempo, e têm, ainda hoje, notável ressonância. ”

RANGER, Terence O. Iniciativas e resistência africanas em face da partilha e da conquista.
In: BOAHEN, A. Adu (coord.). História da África, v. VII. São Paulo: Ática/Unesco, 1991. P.69-70.

a) Quantas vezes aparece no texto a palavra ÁFRICA, AFRICANA(S) e AFRICANOS?
b) Quantas vezes aparece no texto a palavra EUROPA, EUROPEIA e EUROPEUS?
c) Por que se pode dizer que o processo da conquista e da ocupação pelos europeus apresentava um estranho e brutal paradoxo, ao mesmo tempo que era claramente irreversível, também era altamente resistível?
d) Cite pelo menos três argumentos que comprovam que a resistência africana foi importante:

Um comentário:

Joyce Kimberly dos santos oliveira disse...

Durante a segunda metade do século XIX, iniciou-se o processo de neocolonialismo que resultou na ocupação do continente africano pelas potências industrializadas da Europa. A ocupação da África veio acompanhada de movimentos de resistência, os quais surgiram em praticamente todas as partes desse continente.

Neocolonialismo