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terça-feira, 16 de junho de 2020

BRASIL – ERA VARGAS


A REVOLUÇÃO DE 1930 E A ERA VARGAS


No ano de 1930, ocorreram grandes mudanças no Brasil. O presidente Washington Luís foi deposto por uma revolução liderada por Getúlio Vargas, que pôs fim à República Velha e deu início à chamada Era Vargas.
A campanha eleitoral para a sucessão do presidente Washington Luís provocou a divisão da oligarquia dominante e foi o estopim da revolução que derrubou a República Velha.
Washington Luís, ligado à oligarquia de São Paulo, indicou como sucessor o paulista Júlio prestes, que garantiria a continuidade da política de valorização do café.
Os mineiros, que esperavam a indicação de Antonio Carlos, presidente de Minas Gerais (na época, o dirigente do estado não se chamava governador, mas sim presidente), romperam sua aliança com São Paulo e, com o Rio Grande do Sul e a Paraíba, criaram um novo partido, a Aliança Liberal, que lançou a candidatura de Getúlio Vargas, ex-ministro da Fazenda e presidente do rio Grande do Sul. O candidato a vice-presidente era o paraibano João Pessoa.
A Aliança Liberal concentrou suas forças nos grandes centros urbanos, buscando, assim, a adesão da burguesia industrial, do operariado e dos líderes tenentistas.
Em março de 1930, Julio Prestes, foi declarado vencedor das eleições, mas a ala mais radical da oposição, alegando fraude eleitoral, iniciou a organização de um movimento para derrubar Washington Luís. Em julho do mesmo ano, o assassinato de João Pessoa, no Recife, contribuiu para dar mais força à oposição. Tropas do Rio Grande do Sul marcharam em direção ao Rio de Janeiro. No Nordeste, a rebelião teve à frente Juarez Távora. O presidente Washington Luís foi deposto em 24 de outubro de 1930.
Formou-se uma junta militar (Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de Noronha), e, em 3 de novembro, Getúlio Vargas assumiu o poder.

A ERA VARGAS

No decorrer dos primeiros 15 anos em que governou o Brasil, Getúlio foi chefe do Governo Provisório (1930 – 1934), presidente eleito por via indireta (1934 – 1937 de um governo constitucional e ditador no estado Novo (1937 – 1945).

O GOVERNO PROVISÓRIO (1930 – 1934)

Nesse período ocorreram vários fatos:
 Dissolução do Congresso Nacional, das Assembleias Estaduais e das Câmaras Municipais.
 Interventores foram nomeados para os Estados com amplos poderes.
 Criaram-se dois novos ministérios, o do Trabalho, Indústria e Comércio e o da Educação e Saúde.
 Implantado rígido controle dos meios de comunicação e dos sindicatos, que, para funcionar, precisavam da autorização do Ministério do trabalho.
 Aprovadas algumas Leis Trabalhistas: Regulamentação do trabalho feminino e infantil; descanso semanal remunerado; férias remuneradas; jornada de trabalho de oito horas diárias.

A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932

Com a Revolução de 1930, São Paulo perdeu sua hegemonia na política nacional, e até mesmo o governo do Estado passou para o controle de Getúlio. Em 1932, tentando retomar o poder, os paulistas desencadearam um movimento revolucionário.
Os Partidos Democrático e Republicano Paulista se uniram, formando a Frente Única, que exigia a autonomia política para São Paulo e a reconstitucionalização do País, com a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, já que a Revolução havia declarado extinta a Constituição de 1891.
Getúlio Vargas marcou o dia para a eleição dos membros da Assembléia Constituinte, mas a oligarquia paulista continuou reagindo, pois queria controlar o poder e fazer uma política efetivamente favorável ao café. Em uma das manifestações contra o governo, foram mortos na cidade de São Paulo os estudantes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o que deu origem à sigla MMDC.
Em 09 de julho eclodiu a Revolução Constitucionalista. As forças paulistas foram comandadas pelo general Isidoro Dias Lopes.
Depois de cerca de três meses de revolução, os paulistas foram derrotados pelas tropas federais.

A CONSTITUIÇÃO DE 1934

Essa Constituição estabelecia, entre outras medidas:
 Autonomia dos estados.
 Mandato presidencial de quatro anos, sendo o primeiro eleito por via indireta.
 Voto Universal secreto, direito de voto à mulher.
 Salário mínimo, jornada de oito horas de trabalho, descanso semanal e férias remuneradas.
 Proibição do trabalho de menores de 14 anos de idade; indenização por dispensas sem justa causa.
 Deputados classistas, isto é, representantes dos diversos segmentos sociais do país.

O GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)

A Assembléia Constituinte elegeu o presidente da República, e Getúlio foi confirmado no cargo, agora como presidente constitucional.
Surgem nesse período duas correntes político-ideológicas antagônicas:
Ação Integralista Brasileira (AIB), fascista, líder: Plínio Salgado.
Aliança Nacional Libertadora (ANL), marxista, liderada por Luís Carlos Prestes, chefe do Partido Comunista.
Em 1935, a ANL dá início à Intentona Comunista, tentativa de tomar o poder e instalar o socialismo. O movimento fracassou e os revolucionários se entregaram. Derrotada a rebelião, o governo de Vargas deu início a uma feroz repressão política.
Usando a insurreição comunista como justificativa, Getúlio suspendeu a Constituição de 1934, a mais liberal que o Brasil já tivera.
Em 1937, às vésperas das eleições presidenciais, sob o pretexto de proteger o Brasil das ameaças totalitárias, Vargas deu um golpe de estado, tornando-se ditador.

ESTADO NOVO: DITADURA E TRABALHISMO (1937-1945)

– Recebeu o nome de Estado Novo, (inspirado na ditadura de António de Oliveira Salazar em Portugal), e durou até 29 de outubro de 1945, quando Getúlio foi deposto pelas Forças Armadas.
A Constituição outorgada de 1937 legalizava a ditadura e a centralização do poder nas mãos de Vargas.
Nesse período, ocorreu a expansão industrial, principalmente a indústria de base, e
a retomada do crescimento das exportações nacionais, devido à Segunda Guerra Mundial. Por isso, a maioria da classe dominante apoiou a ditadura.
Também houve apoio da classe média urbana, que, por ser conservadora, ficava tranqüila ante a repressão aos comunistas e era beneficiada com a ampliação dos empregos.
O alto comando do Exército, por sua vez, participava das decisões governamentais nos conselhos técnicos e, por isso, sustentou a ditadura.
Por um lado, houve a desorganização das camadas populares em decorrência da repressão policial e do controle estatal dos sindicatos de trabalhadores, e, por outro lado, as leis trabalhistas “ganharam” setores dos trabalhadores urbanos, que, por isso, apoiaram Vargas.
A propaganda nacional passou a ser controlada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Extinção dos partidos políticos, censura da imprensa, dissolução do Congresso e nomeação de interventores estaduais.
No plano econômico, criação da Companhia Siderúrgica Nacional e início das pesquisas de petróleo, em Lobato, na Bahia.

A REDEMOCRATIZAÇÃO

A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial criou uma situação contraditória: o Brasil lutava no exterior contra o fascismo, enquanto se mantinha, internamente, num regime ditatorial inspirado nesse mesmo fascismo. As relações do governo com as Forças Armadas começaram a se deteriorar. As pressões externas, principalmente dos EUA, também contribuíram para o fim da ditadura.
Getúlio Vargas prometeu eleições gerais, diminuiu a censura da imprensa e permitiu a volta dos partidos políticos.
 PSD (Partido Social Democrático) – criado por Vargas, tinha sua base eleitoral na força dos interventores estaduais, nos industriais, nos banqueiros e na aristocracia rural.
 UDN (União Democrática Nacional) – que congregava os opositores do regime getulista. Era também anticomunista e tinha como base eleitoral setores da classe
média, empresários e certas camadas dos militares. Participavam Júlio Mesquita Filho, Assis Chateaubriand, Armando de Salles Oliveira e o Brigadeiro Eduardo Gomes.
 PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – era liderado pela burocracia sindical, criada pelo regime do Estado Novo. Idealizado por Getúlio, tinha a finalidade de servir de anteparo entre os trabalhadores e o Partido Comunista.
Em 1945, as Forças Armadas, lideradas pelos generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, depuseram o ditador, assumindo o governo José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal.

DO POPULISMO AO MOVIMENTO MILITAR DE 1964
O ESTADO POPULISTA: 1946 – 1964

Formação e evolução da república populista

Deve-se dar especial atenção ao segundo governo de Vargas, que se caracterizou por um “nacionalismo” econômico (Petrobrás), ainda que ambíguo; a Juscelino Kubitscheck, que foi o responsável pela instalação da indústria automobilística no Brasil; a Jânio Quadros, o mais típico representante do populismo, que aliou um grande carisma a um estilo autoritário; e finalmente a João Goulart, que, perdendo o controle do movimento popular, foi deposto em 1964.
Caracterização dos governos de Vargas, Kubitscheck, Jânio e João Goulart.
Embora o populismo, tenha sido o reconhecimento das aspirações populares, consistiu ao mesmo tempo na manipulação destas pelo Estado. A iminência de uma revolução “comunista”, não significou, absolutamente, uma ascensão popular, como muitos querem fazer crer. Particularmente o governo de Goulart tem sido caracterizado como tal. Por outro lado, porém, não se deve concluir que a massa popular foi uma vítima passiva dos governantes. Sem dúvida, foi a
primeira vez que ela se manifestou de maneira clara e ameaçadora para os “donos do poder”.
O populismo foi uma política de massas que busca o apoio dos trabalhadores, possibilitando-lhes alguns ganhos, mas manipulando as suas aspirações. Garantia benefícios econômicos e sociais à medida que os interesses das classes dominantes eram atendidos.
Essa política caracterizou o período de 1946 a 1964 no Brasil.

O GOVERNO DUTRA (1946-1950)

Assembleia Nacional Constituinte promulga nova Constituição em 1946.
Foram instituídos:
 República presidencialista;
 Voto direto e universal;
 Três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário;
 Mandato presidencial de cinco anos; senadores: 03 por estado (mandato de 08 anos); deputados: proporcionais ao número de eleitores (mandato de quatro anos).
Manteve-se um Executivo forte e o corporativismo sindical.
Crescimento da dívida externa, devido à entrada do capital estrangeiro no país, principalmente o norte-americano, e de empresas estrangeiras, que passaram a concorrer com a produção nacional.
A partir de 1947, as importações passaram a ser controladas, permitindo-se apenas a entrada de produtos essenciais.
Com o chamado Plano Salte, o governo passou a aplicar recursos em saúde, alimentação, transporte e energia.
Política externa: aproximação com os Estados Unidos, alinhando-se o Brasil com o bloco capitalista, e rompimento de relações diplomáticas com a União Soviética. Como reflexo da Guerra Fria (conflito entre Estados Unidos, bloco capitalista e União Soviética, bloco socialista), o PCB foi fechado e cassados os mandatos de seus parlamentares (1947).

GETÚLIO: OUTRA VEZ NO PODER (1950-1954)

Apesar de sua deposição, Getúlio Vargas continuou tendo um grande prestígio. O apoio a Vargas era dado por setores nacionalistas das Forças Armadas, facções oligárquicas estaduais representadas no PSD, nova camada de tecnocratas do governo e massas urbanas.
Em 1950, Getúlio Vargas foi eleito para a presidência da República, derrotando os candidatos da UDN (Eduardo Gomes) e do PSD (Cristiano Machado).
Em 1953: criação da Petrobrás (monopólio da extração e da refinação do petróleo no Brasil).
Essa medida gerou uma forte oposição ao seu governo, tanto por parte dos Estados Unidos quanto da UDN, cujo porta-voz era o jornalista Carlos Lacerda.
Em 05 de agosto de 1954, ocorre no Rio de Janeiro, na Rua Toneleiros, um atentado contra Lacerda, no qual é morto um dos seus acompanhantes, o major Rubens Florentino Vaz, sendo acusado do crime Gregório Fortunato, elemento da guarda pessoal de Vargas.
Após o crime da Rua Toneleiros, a situação torna-se insustentável para Vargas. Em 24 de agosto de 1954, o presidente suicida-se.
Com a morte de Getúlio, assumiu o poder o vice-presidente, João Café Filho. Durante seu mandato, realizaram-se as eleições para o novo período presidencial, saindo vitorioso o candidato do PSD, Juscelino Kubitscheck de Oliveira.
Em novembro, Café Filho afastou-se do governo por motivos de saúde, assumindo, então, o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz.
Devido à derrota nas eleições presidenciais, alguns políticos udenistas passaram a advogar um golpe de Estado que impedisse a posse do candidato eleito.
O ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, defendeu a ordem constitucional e depôs Carlos Luz do cargo de presidente do Senado. Em seu lugar assumiu Nereu Ramos, que permaneceu no poder até a posse de Juscelino, em 31 de janeiro de 1956.

A POLÍTICA DESENVOLVIMENTISTA NOS ANOS JK (1956-1961)

Plano de Metas: investimentos em energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação.
Entrada de capital estrangeiro, importação de tecnologia, empréstimos no exterior. Grupos econômicos norte-americanos, europeus e japoneses instalaram indústrias no Brasil. As multinacionais aproveitaram a mão-de-obra abundante e a matéria-prima disponível, enviando os lucros para o país de origem.
Grande emissão monetária, o que levou a altas taxas inflacionárias.
Construídas a rodovia Belém-Brasília e as hidrelétricas de Furnas e de Três Marias.
Criou-se a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). A produção industrial cresceu cerca de 80%, destacando-se a indústria automobilística na região do ABC, no estado de São Paulo.
A industrialização ocasionou a migração em massa de nordestinos para o Sudeste e o Centro-Oeste. Com isso, ocorre o aumento da pobreza e da exclusão social, e surgem novos desequilíbrios sociais.
Transferência da capital federal para Brasília (idealizada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer). A inauguração oficial: 21 de abril de 1960.
Programa desenvolvimentista (“50 anos em 5”), inflacionário, e rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O RÁPIDO GOVERNO DE JÂNIO QUADROS (1961)

Com a maior votação já dada a um candidato até então, foi eleito, para a secessão de Juscelino, Jânio Quadros.
A dívida brasileira ultrapassava a 2 bilhões de dólares e deveria ser paga no governo de Jânio, que iria até 1965.
Jânio tentou uma política externa independente e procurou combater a inflação, restringindo os créditos, congelando os salários e incentivando as exportações.
A condecoração com a Ordem do Cruzeiro do Sul do ministério das Relações Exteriores de Cuba, Ernesto Che Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana, foi mais um dos motivos para a investida conservadora. Setores políticos de direita passaram a condenar o presidente, destacando-se Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara.
Jânio renunciou em 25 de agosto de 1961, alegando que “forças terríveis” o obrigavam a proceder dessa forma. Seu plano era ser reconduzido à Presidência pelo povo e governar com mais poderes. Entretanto, seu ato causou decepção ao país, e ele não conseguiu seu objetivo.

O COLAPSO DO POPULISMO

Ameaça de guerra civil: após a renúncia de Jânio Quadros, os militares não aceitavam a posse do vice-presidente, João Goulart.
Campanha da legalidade, o governador gaúcho Leonel Brizola exige o cumprimento da Constituição, a qual determinava que o vice-presidente, João Goulart, assumisse o cargo de presidente, que estava vacante.
As forças conservadoras implantaram o Parlamentarismo para diminuir o poder de Jango.
Em janeiro de 1963, João Goulart realizou um plebiscito, em força do qual o Brasil voltou a ter um regime presidencialista.
Jango aproximava-se gradualmente das correntes reformistas radicais (Leonel Brizola, Miguel Arraes e organizações nacionalistas de esquerda) e preparava um Programa de Reformas de Base: reforma agrária, universitária, eleitoral e urbana; nacionalização das empresas estrangeiras e o controle do lucro remetido para o exterior.
Foi criado o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) e aprovada a lei que limitava a remessa de lucros para o exterior.
No comício de 13 de março de 1964, em frente à estação da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, o presidente assinou publicamente dois decretos: a encampação de todas as refinarias particulares de petróleo e a criação da SUPRA (Superintendência da Reforma Agrária).
Os setores conservadores da Igreja e do empresariado reagiram contra Jango
organizando a “Marcha da Família com Deus e pela Liberdade”.
Em 31 de março, um golpe militar pôs fim ao governo de Jango.

O GOLPE DE 31 DE MARÇO DE 1964

Em 31 de março, os generais Olímpio Mourão Filho e Carlos Luís Guedes sublevaram suas tropas, recebendo o apoio do chefe do Estado-Maior do Exército, o Marechal Castelo Branco, e do governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto. Logo a seguir, quase todos os estados se aliaram ao golpe militar.
No dia seguinte, o presidente seguiu para o Rio Grande do Sul e, no dia 04 de abril, exilou-se no Uruguai. O Senado declarou vacância do cargo presidencial e empossou o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili.
O movimento militar e a república após 1964
O populismo entrou em crise com o governo Goulart. As massas avançaram, durante esse período, além dos limites que tornavam o populismo um estilo politicamente aceitável para os conservadores.
Desde o início do mandato de Jango, as forças reacionárias se aglutinaram num projeto de conspiração. A intervenção militar em 64 foi o desfecho que fez o movimento popular retroceder ao nível zero.
É preciso observar ainda que o “colapso do populismo” ocorreu num contexto de retração econômica, cujo ciclo iniciou-se em 1961 e prolongou-se até 1967. Essa conjuntura desfavorável traduziu-se na aceleração do processo inflacionário, que foi tornando-se alarmante.
Comparação do Plano Trienal (1963) com o PAEG (1964).
Esses dois planos tiveram como base a mesma política de estabilização. O primeiro foi elaborado por Celso Furtado (ministro do Planejamento de Jango) e o segundo, por Roberto Campos (ministro do Planejamento de Castelo Branco). Em relação a esse último, ver o item referente à política de estabilização de Campos e Bulhões. Verificar-se-á que os planos são coincidentes. O primeiro só não foi aplicado por causa do clima político: não havia condições de se exigir austeridade à população, que ao mesmo tempo era solicitada a se manifestar, dada a política de mobilização de Jango. Estancando o movimento popular, o regime de 64 pôde implantar o projeto, mas num sentido diferente, isto é, sem cuidar dos interesses propriamente nacionais.
O golpe militar de 64 representou a culminância do processo de crise do populismo, iniciado com a renúncia de Jânio em 61. A queda de Goulart, nesse contexto, significou também a marginalização política dos civis, abrindo espaço a um regime militar-tecnocrático. Os Atos Institucionais nº 1 (1964) e nº 2 (1965) foram importantes momentos de destruição da velha ordem no governo de Castelo Branco. A ascensão de Costa e Silva – vitória da “linha dura” sobre o grupo militar governista – deu-se num contexto de grande tensão e agitação social, que se fechou com o Ato Institucional nº 5 (1968). A radicalização na esquerda gerou então a guerrilha urbana. O governo Médici empenhou-se em reprimir, com violência extremada, o movimento armado e aboliu a política. A escolha de Geisel como sucessor de Médici ocorreu no início da crise do “modelo econômico”, mas as medidas arbitrárias prosseguiram, culminado com a lei Falcão (1976) e o Pacote de Abril (1977). A “abertura” política tornou-se necessária para libertar a crescente pressão social.
A partir de 64, a economia brasileira abriu-se para o Exterior, possibilitando a entrada maciça de capitais estrangeiros no País. As multinacionais – que dominavam o setor dos bens duráveis – e as grandes instituições financeiras assumiram a hegemonia econômica. Como resultado do “modelo”, muitas distorções apareceram entre elas a concentração da renda, o incontrolável endividamento externo (e interno) e a crise energética.
Para refletir: Qual a relação entre o modelo político e o modelo econômico durante o regime militar?

O FIM DO REGIME MILITAR E A NOVA REPÚBLICA

O fim do regime militar

Deve-se ressaltar a impopularidade do regime militar, acentuada durante o governo Figueiredo. A abertura aparecia como inevitável, porém era preciso dirigi-la. A mobilização dos setores mais radicais (de direita) contra o movimento de abertura resultou nos diversos atos terroristas (1980-81), que se caracterizaram por uma extrema violência. Significativas mudanças ministeriais efetuadas então contribuíram ainda mais para a instabilidade política.
Para refletir: Qual a relação entre a abertura política ocorrida durante o governo Figueiredo e os atentados terroristas, como o do Riocentro, por exemplo?
A reforma partidária e a instalação do pluripartidarismo devem ser explicadas não como formas de dinamizar e democratizar o quadro partidário brasileiro, mas com recurso para dividir e assim enfraquecer a oposição. A anistia também tem esse mesmo sentido.
Ainda para assegurar o controle político nas mãos do governo foi lançado o pacote de novembro, que estabelecia o voto vinculado e a proibição de coligação entre os partidos.
Para refletir: A anistia, a reforma partidária, o pacote de novembro de 1981 integram um conjunto de medidas políticas do governo Figueiredo.
Que conclusões podem ser tiradas, após o exame de tais medidas?
O agonizante regime militar ainda tentava manter-se no poder. A campanha pelas eleições diretas para presidente mostrou toda a indignação popular contra o governo. Mas, apesar da força que teve, a emenda Dante de Oliveira foi rejeitada pelo Congresso.
O passo seguinte consistiu na derrota do PDS no Colégio Eleitoral pela Aliança Democrática. Tancredo Neves foi eleito presidente por meio de eleições indiretas. Porém morreu antes da posse e quem assumiu foi o vice-presidente, José Sarney.
É importante mostrar a posição posterior do PMDB, enfim como partido da situação, tendo que enfrentar eleições para prefeitos e já começando a sofrer derrotas (caso de São Paulo).
Para refletir: Qual o significado do movimento pelas eleições diretas (Diretas-já) para presidente?
A continuação da crise econômica e os começos da Nova república
Mostrar ao aluno que o chamado “milagre” brasileiro foi responsável pelo “desastre” econômico: inflação galopante e dívida externa astronômica levaram à recessão e ao desemprego. Consequentemente, as tensões sociais aumentaram, gerando greves e explosões populares (saques a supermercados). Vários escândalos financeiros estouraram, deixando clara a impunidade da corrupção.
Para refletir: Identificando os principais problemas econômicos verificados durante o governo Figueiredo.
A implantação de um plano de estabilização econômica (Plano Cruzado) para brecar a inflação foi a grande novidade, em termos econômicos, da Nova república.
A pergunta que deixava era: Traria resultados positivos para os trabalhadores?
Outros planos econômicos foram implantados, e o que chegou a ser uma grande novidade se vulgarizou: Cruzado II (novembro de 1986), Bresser (julho de 1987) e Verão (janeiro de 1989). Todos fracassaram, isto é, não conseguiram conter a alta inflacionária e os gastos públicos.
É importante ressaltar que o governo Sarney saiu despedaçado: a falta de credibilidade da população em relação ao governo cresceu em ritmo tão acelerado quanto o da inflação.
Para refletir: O que pretendia o Plano Cruzado? Quais os objetivos dos demais planos econômicos (Cruzado II e Verão)? Em sua opinião, o governo Sarney obteve êxito no campo econômico?
E aqui cabe uma importante reflexão com o aluno: o presente também faz parte da História, isto é, apresenta mudanças e, como qualquer período histórico, está repleto de contradições. É preciso identificá-las e discuti-las para que o aluno possa chegar a
uma visão crítica da realidade atual. E, mais ainda, de que ele é um agente fundamental, um sujeito histórico que atua e interfere nessa realidade. Em outras palavras, é o sujeito coletivo que muda a História, concebida aqui como processo, em constante estruturação.
Além do quadro econômico, é necessária a análise da nova ordem constitucional que culmina com a Constituição de 1988. Ora, todas as tensões sociais do momento, ou seja, as lutas no campo (a UDR e os proprietários contra os líderes sindicais e os trabalhadores) e na cidade (movimentos de trabalhadores), a incrível escalada da criminalidade, não são resolvidas com a elaboração das novas leis. O congresso, travestido de Assembleia Constituinte, não deu conta dos nossos maiores problemas, estampando os conflitantes interesses entre empresários e trabalhadores e fazendo com que muitas leis que trariam benefícios sociais ficassem no papel.
Para refletir: Qual a importância da Constituição para um país? Por que é preciso um Congresso afinado com os interesses da maioria?
Direcionados pelas reflexões anteriores chegamos ao estudo do governo Collor, tão próximo de nós. A análise se inicia com o triste fim do governo Sarney e a campanha presidencial de 1989, que culminou com a vitória do candidato Fernando Collor de Mello sobre Luís Inácio Lula da Silva. Fazer, através de pesquisa em jornais e revistas, o levantamento dos principais pontos do programa de governo de cada um deles e tentar colocar em seqüência cronológica os momentos mais importantes das campanhas para o 1º e 2º turnos da eleição.
O próximo passo é a compreensão e análise do governo Collor: o fracasso de seus dois planos (Collor I e Collor II), marcados pelos princípios neoliberais; a velha concepção de modernidade para integrar o Brasil no Primeiro Mundo; a manutenção do autoritarismo, da truculência e da corrupção no tratamento das questões sociais, como trabalho, salário, aposentadoria, casa própria, violência narcotráfico; o completo abandono de setores como a saúde, habitação, previdência social e cultura; o crescimento da miséria e da violência; as denúncias quase diárias de corrupção e escândalos políticos e administrativos. Comissões parlamentares de inquéritos foram instaladas e as investigações revelaram a existência de verdadeiras quadrilhas que agiam livremente, protegidas pelo próprio presidente Collor, que lhes garantia total impunidade.
Só a partir daí o impeachment começou a ser colocado como instrumento legal para derrubar um presidente eleito diretamente após o longo e triste período da ditadura militar. Ressaltar o expressivo papel dos meios de comunicação e da pressão popular, especialmente dos jovens na rua (reler observação sobre o presente na História).
Para refletir: Quais as principais características políticas, econômicas e sociais do governo Collor? O que é e qual a importância de uma CPI? Mostre o papel da mídia e da participação popular nesse contexto. Qual o significado do governo Collor?
Com o impedimento de Collor abrem-se novos desafios: para o governo Itamar a questão da governabilidade é crucial; para as esquerdas, torna-se mais concreto o dilema levantado a partir de 1989, a opção entre reforma e revolução, que o PT atingiu sua própria identidade política; para a sociedade como um todo, a escolha entre presidencialismo e parlamentarismo no plebiscito de 21 de abril e a convivência com a miséria e a violência desenfreada.
Para refletir: Por que o texto usa o termo “desafio” para expressar o período pós-Collor? O governo Itamar está direcionado para o neoliberalismo? Quais os interesses de quem o apóia? Caracterize o presidencialismo e o parlamentarismo. Por que a violência talvez seja o maior desafio ao governo Itamar?

Testando conhecimentos

1. Quanto tempo durou a Era Vargas?
___________________________________________________________________________________________________________.
2. Como podemos dividir o período de governo de Getúlio Vargas?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
3. Sobre o governo provisório de Getúlio Vargas, é correto afirmar:
( ) Foi um período de ditadura.
( ) Foram aprovadas as primeiras leis trabalhistas no Brasil.
( ) Foram criados o Ministério da Fazenda e da Justiça.
( ) Foi um período democrático, porque Getúlio foi eleito por voto direto.
4. Qual fato NÃO aconteceu no período do governo provisório de Getúlio Vargas?
( ) Dissolução do Congresso Nacional.
( ) Nomeação de interventores para os estados.
( ) Criação de dois novos ministérios.
( ) Abolição de toda legislação trabalhista então existente.
5. Com Getúlio no poder, os paulistas se viram afastados do governo. Por isso reagiram, iniciando um movimento que ficou conhecido como:
( ) Revolução de 1930.
( ) Revolução Constitucionalista de 1932.
( ) Movimento pelas Diretas-já.
( ) Coluna Prestes.
6. O que foi a Revolução Constitucionalista de 1932?
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
7. O que os revolucionários de 1932 reivindicavam e de onde surgiu a sigla MMDC que passou a ser símbolo da revolução de 1932?
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
8. NÃO foram características da Constituição de 1934:
( ) Mandato presidencial de quatro anos, sendo o primeiro eleito por via indireta.
( ) Voto universal secreto, direito de voto à mulher.
( ) Salário mínimo, jornada de oito horas de trabalho, descanso semanal e férias remuneradas.
( ) Proibição do trabalho de menores de 14 anos de idade, indenização por despensas sem justa causa.
( ) União entre Estado e Igreja e Poder Moderador.
9. Complete com o que se pede sobre as facções políticas na década de 1930:
a) Era fascista, liderada por Plínio Salgado: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
b) Era marxista, liderada por Luís Carlos Prestes: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
10. A Intentona Comunista pode ser definida como:
( ) Tentativa do Partido Integralista de tomar o poder e instalar o fascismo.
( ) Tentativa da Aliança Nacional Libertadora de tomar o poder e instalar o socialismo.
( ) Tentativa dos paulistas de retomar o poder e instalar leis que protegessem a economia cafeeira.
( ) Movimento messiânico ocorrido no Nordeste, liderado por Luís Carlos Prestes.
11. O período de governo em que Getúlio Vargas teve poderes ditatoriais é chamado de:
( ) Governo Provisório.
( ) República Velha.
( ) República da Espada.
( ) Estado Novo.
12. Durante o período ditatorial de Getúlio Vargas, podemos destacar:
( ) Criação da Companhia Siderúrgica Nacional.
( ) Início das pesquisas de petróleo, em Lobato, na Bahia.
( ) Extinção dos partidos políticos e censura à imprensa.
( ) Todas alternativas anteriores estão corretas.
13. Associe corretamente as duas colunas:
(A) Constituição de 1934.
(B) Revolução Constitucionalista de 1932.
(C) Intentona Comunista de 1935.
(D) Estado Novo.
(E) Constituição de 1937.
(F) Companhia Siderúrgica nacional.
(G) Segunda Guerra Mundial.
( ) Fundada na época do estado Novo.
( ) A mais liberal que o Brasil já teve.
( ) Foi outorgada, isto é, imposta pelo presidente ao País.
( ) Acelerou o fim do Estado Novo.
( ) Ditadura de Getúlio Vargas.
( ) Serviu de pretexto para um período de grande repressão política.
( ) Combatia o governo provisório de Getúlio Vargas.
14. A política populista no Brasil caracterizou:
( ) O governo de Getúlio Vargas no período de 1930 a 1934.
( ) O governo de Getúlio Vargas no período de 1934 a 1937.
( ) O Estado Novo, de 1937 a 1945.
( ) O governo de Getúlio Vargas no período de 1950 a 1954.
( ) O período de 1946 a 1964 no Brasil.
15. Um dos destaques do governo populista de Getúlio Vargas foi:
( ) Criação da Petrobrás.
( ) Fechamento dos partidos políticos.
( ) Leis trabalhistas.
( ) Censura à imprensa.
16. Foi característica da Constituição promulgada no Brasil em 1946:
( ) Foi instituída a República parlamentarista.
( ) O voto era direto, mas proibido às mulheres.
( ) Mandato presidencial de cinco anos.
( ) Foi criado o cargo de primeiro-ministro.
17. No governo do Presidente Dutra:
( ) Houve uma grande redução da dívida externa.
( ) Foram feitas leis que proibiam a indústria nacional.
( ) As importações passaram a ser controladas, permitindo-se apenas a entrada de produtos essenciais.
( ) O Brasil rompeu relações com os Estados Unidos.
18. O Presidente Dutra foi sucedido por:
( ) Costa e Silva
( ) João Goulart.
( ) Getúlio Vargas.
( ) Jânio Quadros.
19. Entende-se por Guerra Fria:
( ) Conflito entre países tropicais e países de clima frio.
( ) Conflito entre Estados Unidos (bloco capitalista) e União Soviética (bloco socialista).
( ) Conflito em que se desenvolveu grande tecnologia armamentista, com armas de metal.
( ) Conflito entre estados do Nordeste e estados do Sul do Brasil.
20. Entre as principais conseqüências da II Grande Guerra Mundial, podemos citar:
a) a União Soviética teve aumentada sua influência na Europa.
b) o surgimento da “guerra fria” e de novos países na Ásia e África fazendo aparecer uma terceira força, os “TERCEIRO MUNDO”.
c) a Europa perdeu sua importância política, social e econômica, enquanto os EUA e a União Soviética saíram fortalecidos e como centros da política internacional.
d) o estabelecimento da ONU em outubro de 1945.
e) todas as alternativas estão corretas.
21. A História Contemporânea teve na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) um de seus acontecimentos mais marcantes e definidores. Relativamente ao seu significado histórico e ao mundo que fez nascer, assinale a opção incorreta.
a) A Segunda Guerra Mundial foi marcada pelo confronto de dois grandes blocos: o Eixo, liderado por Alemanha, Itália e Japão, e os Aliados, tendo à frente, sobretudo, os EUA, a URSS e a Inglaterra.
b) A identidade ideológica mais nítida, durante o conflito, foi a que aproximou os países do Eixo, assentada nas teses nazi-fascistas.
c) O Brasil participou diretamente da guerra, tendo constituído a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu em território italiano, e a Força Aérea Brasileira (FAB), especialmente usada no patrulhamento do Atlântico Sul.
d) Terminado o conflito, o mundo testemunhou o declínio da Europa e a ascensão de duas superpotências, os EUA e a URSS, as quais, nos anos seguintes, empenharam-se na disputa por áreas de influência em todas as partes, num cenário de guerra não declarada: era a "guerra fria".
e) Após a Segunda Guerra, aprofundaram-se as estruturas de dominação colonial sobre a Ásia e a África, o que eliminou a possibilidade de independência nacional nesses continentes.
22. Coloque “F” para falso e “V” para verdadeiro:
( ) Quando Getúlio Vargas morreu, alguns setores udenistas passaram a defender um golpe de Estado.
( ) O ministro da Guerra, Marechal Lott, defendeu a Constituição e garantiu a democracia no país.
( ) Antes de Juscelino Kubitscheck assumir a Presidência, o Brasil foi governado por Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos.
( ) Juscelino Kubitscheck e Carlos Lacerda pertenciam ao mesmo partido político.
23. Coloque “F” para falso e “V” para verdadeiro: Foram características do governo JK (Juscelino Kubitscheck), que presidiu o Brasil de 1956 a 1961:
( ) Controle do processo inflacionário e estabilização monetária.
( ) Grande crescimento industrial, destacando-se a indústria automobilística.
( ) Criação da Sudene, da rodovia Belém-Brasília e das hidrelétricas de Furnas e Três Marias.
( ) Transferência da capital federal para o Rio de Janeiro.
( ) Novos contratos de empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
( ) Programa desenvolvimentista, com o slogan “50 anos em 5”.
24. Jânio Quadros, quando foi presidente do Brasil:
( ) Tentou uma política externa independente e procurou combater a inflação.
( ) Condecorou com a Ordem do Cruzeiro do Sul o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Ernesto Che Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana.
( ) Renunciou ao governo em 25 de agosto de 1961, alegando que “forças terríveis” o obrigavam a proceder dessa forma.
( ) Todas as anteriores estão corretas.
25. Após a renúncia de Jânio Quadros, o governo passou a ser exercido por:
( ) João Goulart.
( ) Marechal Castelo Branco.
( ) Leonel Brizola.
( ) Ranieri Mazzili.
26. O governo de João Goulart terminou:
( ) Com sua renúncia, sob a alegação de que forças ocultas o pressionavam.
( ) Com sua deposição por um golpe militar em 31 de março de 1964.
( ) Com seu assassinato pelas forças da oposição.
( ) Com a eleição de Carlos Lacerda para sucedê-lo.
27. Coloque “F” para falso e “V” para verdadeiro:
( ) Com o golpe de 1964, os militares instauraram no país uma ditadura militar que durou 21 anos.
( ) O regime militar caracterizou-se pelo centralismo político e um extremo autoritarismo.
( ) O primeiro presidente militar após 1964 foi o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
( ) No período da ditadura militar, que se instalou no Brasil após 1964, existiam apenas quatro partidos políticos.
( ) Em 1967, foi feita uma nova Constituição para o Brasil, que estabeleceu o voto indireto para presidente e governadores.
28. Costa e Silva, ao assumir o governo, enfrentou a oposição da _________________ , com representantes do __________________ , do governo deposto em _________________ , políticos cassados, estudantes e trabalhadores. Esse movimento exigia anistia geral, elaboração de ________________ democrática e ___________________________________ .
29. Em 1968, ocorreram no país:
( ) Manifestações da direita contra o governo.
( ) Manifestações estudantis e greves de trabalhadores.
( ) Marcha da família com Deus pela liberdade.
( ) Manifestações dos militares contra Costa e Silva.
30. No governo de Costa e Silva, foi editado o ___________________________ e outorgada uma reforma da _______________________ . Essa foi uma fase de __________________ do regime.
31. O que caracterizou o governo militar do general Médici?
( ) Implantação da censura prévia em livros e jornais.
( ) Diminuição dos poderes do Legislativo.
( ) Intensificação das perseguições políticas.
( ) Formação de grupos armados contra o regime.
32. Associe corretamente as duas colunas:
I. Ato Institucional nº 1 (AI – 1)
II. Ato Institucional nº 2 (AI – 2)
( ) Permitiu a intervenção do governo nos estados e municípios e que o Executivo legislasse por meio de decretos-lei.
( ) Atingiu principalmente os líderes do regime deposto e as organizações que exigiam as reformas de base, como CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), PUA (Pacto de Unidade e Ação) e Ligas Camponesas.
( ) Extinguiu os partidos políticos, restando apenas a ARENA e o MDB.
33. A fase de maior endurecimento do regime militar ocorreu a partir de 1968, no governo de:
( ) Castelo Branco.
( ) Costa e Silva.
( ) Ernesto Geisel.
( ) Figueiredo.
34. NÃO caracteriza o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici:
( ) Fim da censura prévia em livros e jornais.
( ) Diminuição dos poderes do Legislativo.
( ) Intensificação das perseguições políticas.
( ) Formação de grupos armados contra o regime.
35. No governo de Médici, destacou-se como ministro da Fazenda Delfim Neto. O rápido crescimento econômico assinalado nessa época é chamado de:
( ) Encilhamento.
( ) Plano Real.
( ) Milagre econômico.
( ) AI-5.
36. O processo de redemocratização do Brasil se caracterizou por ter sido:
( ) Lento e gradual.
( ) Rápido e de uma só vez.
( ) Obtido por meio de um plebiscito.
( ) Alcançado por meio de uma revolução contra do militares.
37. A Campanha das “Diretas Já” foi:
( ) Um movimento iniciado em 1984, exigindo eleições diretas para presidente da República no Brasil.
( ) Um movimento iniciado pelo Partido dos Trabalhadores, em 2002, contra Fernando Henrique Cardoso.
( ) A ação do MDB contra a corrupção no governo dos militares.
( ) A convocação de uma Assembléia Constituinte em 1986.
38. A redemocratização do Brasil ocorreu com a eleição indireta de _____________________ para a Presidência. Entretanto, ele __________ antes de assumir o governo, e quem assumiu o poder foi seu vice, _____________________ . Essa nova fase política no Brasil é chamada de ____________________________________ .
39. A redemocratização do Brasil inaugurou uma nova fase política, dando início ao período que se convencionou chamar de:
( ) República Velha.
( ) Estado Novo.
( ) Nova República.
( ) República das Bananas.
40. Foi no governo de José Sarney que pela primeira vez no Brasil se instituiu:
( ) Eleição indireta para presidente e para prefeitos das capitais.
( ) Mandato de quatro anos para presidente.
( ) Direito de voto aos analfabetos.
( ) O Distrito Federal.
41. Sobre a Constituição de 1988, coloque “F” para falso e “V” para verdadeiro:
( ) É a Constituição atualmente em vigor no Brasil.
( ) Foi a Constituição que restabeleceu a democracia no país.
( ) Foi a Constituição outorgada pelos militares.
( ) Estabeleceu pela primeira vez no país o direito de voto para os analfabetos.
( ) Reduziu os direitos trabalhistas.
( ) É vista como uma Constituição racista, por considerar crime a discriminação contra negros e índios.
( ) Aprovou a eleição em dois turnos.
42. Associe corretamente a duas colunas:
1. Plano Cruzado.
2. Plano Bresser.
3. Plano Verão.
( ) A moeda passou a se chamar cruzado novo, que valia mil cruzados.
( ) Ministro da Fazenda Dílson Funaro.
( ) Ministro Maílson da Nóbrega.
( ) Ministro Luís Carlos Bresser Pereira.
( ) Substituiu o cruzeiro por uma nova moeda, o cruzado, que valia mil cruzeiros.
( ) Desvalorização da moeda e congelamento dos preços por 90 dias.
43. Foi uma decisão do Plano Collor, criado pela ministra Zélia Cardoso de Melo, no governo de Fernando Collor:
( ) A moeda voltou a ser o cruzado.
( ) Os preços e os salários foram totalmente liberados.
( ) As contas correntes bancárias e as cadernetas de poupança com saldo superior a 50 mil cruzeiros foram bloqueadas por 18 meses.
( ) O real foi equiparado ao dólar.
44. Sobre o governo Collor é correto afirmar:
( ) O presidente terminou seu mandato normalmente.
( ) O presidente renunciou ao governo por causa de um processo de impeachment.
( ) Itamar Franco liderou uma revolução e depôs o presidente.
( ) Collor suicidou-se.
45. O pedido de impeachment do presidente aconteceu em decorrência de:
( ) Denúncias de corrupção, no qual também estava envolvido o presidente.
( ) Um esquema de corrupção, no qual também estava envolvido o presidente.
( ) Movimento pela Ética na política, que forçou os políticos a instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os fatos contra o presidente.
( ) Todas as alternativas anteriores.
46. Quem foi o ministro que implantou o Plano Real no Brasil?
( ) Zélia Cardoso de Melo.
( ) Itamar Franco.
( ) Paulo Farias.
( ) Fernando Henrique Cardoso.
47. No governo de Itamar Franco, destacou-se como ministro da Fazenda o sociólogo _________________________________ , que conseguiu deter a inflação ao instituir o Plano ____________________________________ .
48. No início de seu governo, FHC estabeleceu algumas metas. Marque abaixo o que NÃO estava entre essas metas:
( ) Estabilidade da moeda.
( ) Contenção e corte das despesas públicas.
( ) Estatização das empresas estrangeiras.
( ) Redistribuição de renda.
( ) Reforma Agrária.
49. A ordem correta de presidentes da fase de redemocratização do Brasil é:
( ) Collor, FHC, Itamar Franco, José Sarney, Lula.
( ) José Sarney, Collor, Itamar Franco, FHC, Lula.
( ) Lula, José Sarney, Itamar Franco, FHC, Collor.
( ) FHC, Collor, José Sarney, Itamar Franco, Lula.
50. Coloque “F” para falso e “V” para verdadeiro:
Em 1977, foi feita uma emenda à Constituição de 1988. Entre outros itens, quanto às aposentadorias foi decidido que:
( ) A aposentadoria por tempo de serviço e as aposentadorias especiais seriam abolidas.
( ) Instituía-se a aposentadoria por idade e tempo de contribuição.
( ) A idade para o homem se aposentar foi fixada em 75 anos.
( ) A idade para a mulher se aposentar foi fixada em 60 anos.
51. O governo do _______________________ encerrou-se em 2002, quando foi eleito para presidente ____________________________ , um migrante ________________________ e ______________________ do A B C paulista.
52. Lula foi fundador de qual partido político?
( ) PSDB.
( ) PSOL.
( ) PT.
( ) PTB.
53. No governo Lula, houve grande preocupação com a justiça social, destacando-se, por exemplo:
( ) o programa Fome Zero.
( ) o projeto de anistia para presos políticos.
( ) o atendimento às exigências do FMI.
( ) a redução do número de empregos no país.
54. Associe corretamente as duas colunas:
(A) Consenso de Washington.
(B) Estabilidade da moeda.
(C) Eletrobrás.
(D) Mercosul.
( ) Estatal vendida no primeiro governo de FHC.
( ) Era uma das metas do primeiro governo de FHC.
( ) Encontro patrocinado pelo Banco Mundial (FMI-BID) entre os países latino-americanos e os Estados Unidos.
( ) Área de livre mercado, integrando Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
55. Dos itens citados, apenas um NÃO constou do programa do governo Lula em 2002:
( ) Campanha pela redução do analfabetismo.
( ) Programa Fome Zero.
( ) Criação de empregos.
( ) Projeto “mensalão” no Congresso Nacional.
56. A crise política no Congresso Nacional durante o governo Lula envolvia:
( ) Homicídios de líderes da oposição.
( ) Desonestidade do presidente Lula.
( ) Corrupção de membros de diversos partidos, “comprados” para apoiar o governo.
( ) Renúncia de deputados e senadores insatisfeitos com o governo.
57. Foi destaque do governo Lula:
( ) O Brasil cresceu economicamente.
( ) O desemprego diminuiu.
( ) A dependência do FMI diminuiu.
( ) Todas as alternativas anteriores.
58. A constituição da democracia no Brasil decorre de um processo conturbado e difícil, assim como em outros países da América Latina. A ausência da Democracia provoca um período de exceção em que a cidadania é apenas uma referência. Assinale os períodos históricos em que a democracia foi enfraquecida sobremaneira.
a) Ditadura do Estado Novo e o golpe de 64.
b) Ditadura do Estado Novo e o Impeachment de Collor.
c) O golpe de 64 e o Impeachment de Collor.
d) A República da Espada e o Impeachment de Collor.
e) A República da Espada e a Ditadura do Estado Novo.
59. Após o sucesso do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente da República, sendo reeleito em 1998. A respeito do seu governo, assinale a alternativa correta:
a) Entrou em vigor a Lei de Responsabilidade Fiscal.
b) Ocorreu a denúncia do esquema conhecido por “mensalão”.
c) Seu plano previa uma série de medidas, entre as quais a substituição da moeda pelo cruzeiro.
d) Ocorreu a denúncia sobre os “Anões do Orçamento”.
e) Teve como registro negativo o fracassado atentado.


quarta-feira, 15 de abril de 2020

Memória discursiva: A música Alegria, Alegria, de autoria de Caetano Veloso, sobre liberdade, é um dos marcos iniciais do movimento tropicalista da década de 1960. Datada de 1967, Alegria, Alegria, a canção modernista foi apresentada no Festival da Record em disputa pelo “Berimbau de Ouro”. 
Embora seja intitulada de Alegria, Alegria, sua letra nada tem de alegria, apenas reflete a repressão do período militar no Brasil, ou melhor, os “anos de chumbo”. De tão potente, a música de Caetano Veloso está incorporada na mente e na história do povo brasileiro, pois a marcha leve e alegre, com letra caleidoscópica e libertária, tem força nas palavras que a compõem. 
Entretanto, ao apresentá-la ao público, Caetano Veloso recebeu vaias (até porque fez a apresentação com os argentinos, Beat Boys). A gritaria foi tão infernal que nacionalistas o chamaram de traidor e oportunista. O talento e a performao nce de Caetano Veloso, aos poucos, ganhou o público e transformou as vaias em aplausos, mas ficou somente com o quarto lugar do festival.
Alegria, alegria é uma obra famosa e muito lembrada, é, pelo menos a mais emblemática do período militar do Brasil. Por esta e outras canções revolucionárias que usaram da metáfora para burlar o regime militar, Caetano Veloso foi o grande divulgador deste período de grande revolução popular e de tanta inquietação cultural.
Estrutura do texto: Em sua estrutura textual, Alegria, Alegria é simples, principalmente se comparada a outras de Caetano Veloso, utiliza basicamente elementos do Modernismo Brasileiro, da contra-cultura, da ironia, rebeldia, anarquismo e humor ou terror anárquico. Para salientar que a cultura importada era alienante, Caetano usa palavras como Brigitte Bardot, Cardinales  (Claudia Cardinale) e Coca-Cola (maior símbolo do império norte-americano que financiava os exércitos em toda a América Latina).
Pelo fato de ser uma canção escrita no período tropicalista, Alegria, Alegria tem nas entrelinhas uma crítica à esquerda intelectualizada, a negação a qualquer forma de censura, uma denúncia da sedução dos meios de comunicação de massa e um retrato direto da realidade urbana e industrial.
De acordo com o poeta, ensaísta, professor e tradutor brasileiro Décio Pignatari, a letra possui uma estrutura cinematográfica, trata-se de uma "letra-câmera-na-mão", citando o mote do Cinema Novo. Nesta canção há intertextualidade com a canção Para não dizer que não falei das flores e com uma pequena citação (modificada) do livro As Palavras, de Jean-Paul Sartre: "nada nos bolsos e nada nas mãos", que ficou, "nada no bolso ou nas mãos".
Marcadores da narrativa e da oralidade: A presença de muitas vírgulas na canção segue o ritmo da marcha, ou seja, há uma ebulição de ideias e ações acontecendo concomitantemente, por tanto não há abertura para pontos finais (que fecham estas ideias), mas apenas para as vírgulas. As vírgulas passam a ideia de aglutinação, como se representassem a pólvora, tão presente nas ruas neste período.
Inicialmente, o verbo caminhar está no gerúndio, o que transmite a ideia de que este caminhar é contínuo e que nada será capaz de interrompê-lo, mesmo que lhe falte uma identidade e as impunidades dos crimes brasileiros permaneçam. Logo, o verbo está no presente: (eu) vou, (me) enche, (ela) pensa.
Da instância lexical: Os versos “Caminhando contra o vento” e “em Cardinales bonitas” têm o valor semântico da expressão popular “nadando contra a corrente”, com o significado de ser e manter-se contra. Ao considerar o período, este se refere ao lutar contra a Ditadura Militar.
Eixo paradigmático da canção: A luta pelos ideais ganham mais força ao colocar cada ação na primeira pessoa do singular: EU, estando este oculto, como em “Caminhando contra o vento”, ou quando este sujeito é simples, como nos últimos versos das estrofes: “Eu vou”. No contexto do momento histórico vivido pelo autor na época do Regime Militar, a expressão “caminhando contra o vento” vem reforçar a idéia central do texto: ser do contra, lutar contra as forças armadas pelo regime ditatorial, promover a união da população contra o governo imposto de forma indireta e arbitrária. Idéia corroborada pelo descumprimento das regras gramaticais da língua padrão, como no exemplo: “Me enche de alegria...”, em que a frase é iniciada pelo pronome oblíquo ME.
Métrica: Tomando como exemplo a primeira estrofe, é possível escandi-los e dar nomes aos metros da seguinte forma:
Ca/mi/nhan/do /con/tra o /ven/to - Verso Heptassílabo ou Redondilha Maior
Sem /len/ço e /sem /do/cu/men/to - Verso Heptassílabo ou Redondilha Maior 
No /sol /de /qua/se /de/zem/bro, - Verso Heptassílabo ou Redondilha Maior
Eu /vou. – Verso Dissílabo

Metáforas: Toda a opressão sofrida pelo cidadão comum, nas ruas, nos meios de comunicação, em sua cultura nativa, no seu próprio país é relatada na letra desta canção. Desta forma, Alegria, Alegria, denuncia os exageros dos militares, porém utilizando-se de metáforas. “Caminhando contra o vento/sem lenço e sem documento” que se refere à violência praticada pelo regime. Ao dizer “sem livros e sem fuzil,/ sem fome, sem telefone, no coração do Brasil” revela a precariedade na educação brasileira proporcionada pela ditadura que queria pessoas alienadas, e complementa: “O sol nas bancas de revista /me enche de alegria e preguiça/quem lê tanta notícia?”. 
Para evidenciar a alienação da massa, na letra há elementos externos à cultura nacional, como alguns símbolos impostos pelo cinema norte-americano da época, que são: Cardinales, Brigitte Bardot e a Coca-Cola, fortes representantes da imposição comercial da mídia na época.
Ao denunciar os desníveis sociais dos “anos de chumbo”, Caetano Veloso faz comparações metafóricas, com o intuito de destacar os contrastes regionais, sociais ou econômicos, o que fica evidente nos seguintes versos: “Eu tomo uma coca-cola,/Ela pensa em casamento”, “Em caras de presidente/em grandes beijos de amor/em dentes, pernas, bandeiras, bomba e Brigitte Bardot.”
Jogo das pressuposições: Alegria, Alegria, canção que ajudou a criar o estilo musical MPB, escrita, musicada e interpretada pelo cantor e compositor Caetano Veloso (em novembro de 1967) transformou a expressão artística musical brasileira em crítica social. Por esse motivo, Caetano Veloso teve grande parte de suas músicas censuradas pelo regime militar, sendo que algumas foram até banidas. Em 27 de dezembro de 1968, tanto Caetano Veloso quanto Gilberto Gil foram para a cadeia, acusados de terem desrespeitado o hino nacional e a bandeira brasileira. Os dois foram levados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio, e tiveram suas cabeças raspadas. Entretanto, ambos ficaram exilados em Londres até 1972.

É possível notar também que Alegria, Alegria faz intertextualidade com Para não dizer que não falei das flores, do cantor Geraldo Vandré. Ambas as músicas suscitam em sua letra os sentimentos daqueles tinham conhecimento (não eram alienados) do que de fato acontecia no Brasil e, assim convocam os brasileiros engajados a ir às ruas e lutar contra a ditadura vigente.

Ao convocar a todos para esta luta, fica evidente a crítica à alienação, pois o verso “Ela pensa em casamento” aparece duas vezes na canção, ou seja, evidencia que enquanto algumas brasileiros lutavam para dar fim à repressão militar outros estavam completamente desinformados e sob o domínio do governo.
Rima: Alegria, alegria é uma canção poética, considerando, inclusive, o título. A marcha compassada denuncia a presença do som do “O” precedido da letra “T” e “R”, ao mesmo tempo em que dá o ritmo a cada verso, também reflete a dureza da época e o disparar das armas, que pode ser notado na terminação dos três primeiros versos, da primeira estrofe, além da presença do fonema “K”: “Caminhando contra o vento/ Sem lenço e sem documento / No sol de quase dezembro”. 
As figuras de som predominam, pois o ritmo é constante, quebrado por palavras e/ou expressões como “eu vou”, no final de cada estrofe. A aliteração pode ser notada na repetição de sons consonantais (consonância) quanto de sons vocálicos (assonâncias), como nos versos: “Entre fotos e nomes, sem livros e sem fuzil, sem fone, sem telefone, no coração do Brasil.”: repetição do som do fonema “F”. Nos versos “Caminhando contra o vento, sem lenço sem documento, no sol de quase dezembro”, percebe-se a presença do fonema /k/. Também nos versos “entre fotos e nomes, sem livros e sem fuzil, sem fone, sem telefone, no coração do Brasil”, percebe-se a presença dos sons vocálicos de /em/. O que se repete também nos versos “sem lenço sem documento, no sol de quase dezembro”. 
Conclusão do ponto de vista estilístico: Alegria, Alegria é uma canção que pode ser definida como um poema. Sua história acontece no presente, sendo que o eu – lírico “desenha” a história por meio do pronome EU, 1ª pessoa do singular. No entanto, não tende ao egocentrismo ou narcisismo, apenas posiciona-se como um lutador contra a repressão militar. 
Para provocar a ideia de uma marcha contra a ditadura utiliza-se de fonemas duros que remetem ao marchar dos militares (e até dos civis unidos em direção aos repressores) e fonemas frios que remetem ao som dos tiros e bombas, itens bastante presentes nas ruas, neste período.

Em contrapartida, há também a denúncia da alienação a partir de ídolos impostos e fabricados pela mídia “exterior” (Brigitte Bardot, francesa e Claudia Cardinale, atriz italiana), que infundiam um comportamento novo. 
Texto originalmente escrito em 4 de maio de 2010 - Editora do site cultural www.resenhando.com.
É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm - Por Mary Ellen Farias dos Santos (em janeiro de 2015).