Brasília e as manifestações
Professor: Justino Bernardino
Licenciado e Bacharelado em História - UnB
O gigante acordou!
Durante séculos muitos movimentos aconteceram e promoveram
mudanças, mas este momento é significativo porque é a voz das ruas, a voz do
povo fazendo valer a democracia e seu real significado.
A revista Economist
publicou no mês de junho/2013, uma matéria sob o título: Protestos podem
melhorar democracia, em que chama atenção para as manifestações como peça
fundamental para que ocorra essa melhora.
É verdade
que no centro dessas manifestações está a denúncia de corrupção, a exposição da
ineficiência do governo e a arrogância de quem está no poder. A tudo isso
podemos observar um misto de descontentamento, de insatisfação do povo com um
desejo de farra. Mas a democracia pode ser melhorada por conta das
manifestações.
Durante
séculos o Brasil esteve “deitado eternamente” e agora a presença dos
estudantes, do povo nas ruas sem a convocação de entidades, sem a organização
dos sindicatos ou outros lobbies, como antes é a demonstração da força e do
desejo de mudança para a saúde, para a educação, mudança e transformação
política.
O
governo, seu partido e seus aliados (muitos deles sanguessugas da máquina
estatal durante anos) precisam buscar o entendimento, não com os manifestantes,
mas do recado das ruas, do real significado dos protestos.
Uma
atitude imediata do governo é decidir pela tão sonhada, urgente e necessária
reforma política, mesmo que o Frankenstein de partidos políticos que compõem o governo
cuja maioria sempre esteve ligada ao clientelismo tenha pouco apetite para
promover mudanças.
E agora se
ouve falar que as Centrais Sindicais de todo o país aprovaram para o próximo
dia 11/07 (quinta-feira) a proposta de "Dia Nacional de Luta, com mobilizações,
paralisações e greves", com o apoio de diversos movimentos sociais e
populares. É louvável a iniciativa, mas acredito que essas centrais sindicais
perderam a grande oportunidade de estar ao lado do povo, e de ser porta-voz dos
desejos populares. Agora parece um pouco tarde. O povo já sabe o poder de voz
que tem e não precisa mais dessas entidades há muito vendidas ao governo. Só
resta algo a dizer: Reconquiste o povo!
Li em um
boletim de um sindicato do DF o seguinte: "No momento, observa-se que a
pauta da luta dos trabalhadores não vem sendo colocada nas manifestações
populares". Acredito que o boletim está um pouco equivocado, a pauta de
reivindicações do povo está nas ruas e
inclui o arquivamento da PEC 33 – que tira do STF a última palavra sobre a
constitucionalidade das leis editadas pelo Congresso, inclui sem possibilidade
de acordo a saída do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do
Congresso, por tudo que este senador deixou de fazer, ou tem feito contrário ao
desejo popular, também a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Copa, a aprovação do projeto de lei que classifica a corrupção como
crime hediondo, o arquivamento do projeto de lei que transforma manifestação em
ato de terrorismo e também a participação popular na reforma política. E é
claro outras reivindicações podem ser incluídas, mas, sobretudo o afastamento
dos políticos já condenados para que se possa promover a verdadeira limpeza do
Congresso Nacional.
Congresso Nacional